25 de novembro “Dia da Não Violência Contra a Mulher”. Por Sandra Raquel Mendes
25 de novembro escolhido como o “Dia da Não Violência Contra a Mulher” foi decidido por organizações de mulheres de todo o mundo reunidas em Bogotá, na Colômbia, em 1981 em homenagem às irmãs, que responderam com sua dignidade à violência, não somente contra a mulher, mas contra todo um povo.
Em 1999, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), proclama esta data como o ”Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra a Mulher” a fim de estimular que governos e sociedade civis organizadas nacionais e internacionais realizem eventos anuais como necessidade de extinguir com a violência que destrói a vida de mulheres considerado um dos grandes desafios na área dos direitos humanos.
Nesta data abre a campanha anual e internacional dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e vai até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, reafirmando os nossos propósitos pela conscientização em nossa cidade desta perversa realidade humanitária.
Conhecedora deste grande mal que provoca não somente para a mulher abusada, ele causa sequelas e traumas aos seus filhos, que em geral são testemunhas destes atos, resultando em uma instabilidade emocional para a sua vida adulta, criando um efeito dominó, repetindo esse conflito para suas futuras relações familiares.
Sou ativista há 18 anos pela a eliminação da Violência Contra a Mulher em minha cidade, hoje conseguindo estender esse trabalho por todo o Estado, através da Associação em Defesa e Garantia dos Direitos das Mulheres do Estado de Mato Grosso, ou simplesmente, Associação de Mulheres MT, que tive a felicidade de fundar e presidir desde 2013.
Ao longo destes anos, estive envolvida diretamente na implantação de medidas importantes para o enfrentamento da violência contra a mulher, onde cito a Lei Maria da Penha, a tipificação do crime do Feminicídio, a criação de organizações sociais para amparar mulheres em risco e o engajamento maior de mulheres e homens de bem nesta luta.
Porém, no meu entender que ação principal a ser conquistada é a sensibilização da maioria da população, para o fim desta discriminação de gênero, mas está longe de acontecer.
Acompanho inúmeras vítimas, que me relata como foram agredidas, mas sou testemunha da agressão moral que são submetidas após este ato criminoso, com o peso do preconceito, inclusive de outras mulheres, onde culpabiliza-a por este sofrimento. Chego a ouvi expressões como: “Ela teve o que mereceu” ou “A Culpa foi dela”. Isso só demonstra que existe muito trabalho a realizar.
A Associação de Mulheres MT, mesmo com as restrições de atendimento impostas pelo combate a COVID-19, continuamos dando amparo as mulheres que nos procuram, por doações de cestas básicas, atendimento home Office pela nossa equipe de psicólogas e advogadas, além das minhas orientações para acessar a rede de proteção de defesa das mulheres.
O reconhecimento do meu trabalho ultrapassou os limites do nosso estado, sendo escolhida Embaixadora do Mato Grosso do Projeto Âmago, organização nacional que ajuda mulheres em risco, através de ferramentas eletrônicas e conhecimento tecnológico, conhecido popularmente como “Botão do Pânico”.
Nesta parceria consegui 200 botões, para serem entregues a mulheres que sofre ameaças de seus ex-companheiro e necessita de medidas protetivas. Com o compromisso de envio de novos dispositivos conforme a demanda exigir.
Outra ação importante para o Combate a Violência Doméstica é o envolvimento efetivo do Poder Público, com a aplicação das ações nacionais para enfrentamento a violência doméstica e desenvolvimento das politicas públicas dos direitos das mulheres.
Gostaria nesta oportunidade, com o inicio do novo mandato do prefeito José Carlos do Pátio e da nova composição da Câmara de Vereadores, ao qual gostaria de parabenizar, depois de anos conta com duas mulheres no legislativo da nossa cidade.
Pedi as autoridades municipais que estabeleça com as organizações de defesa das mulheres, a exemplo a nossa Associação de Mulheres MT, instituir uma agenda pró ativa, a fim de oferecer às vitimas de violência a Casa de Apoio e acolhimento às mulheres e filhos, a Creche Noturna, o Hospital da Mulher, criação da Secretaria da Mulher e outros projetos para amparar as nossas mulheres, que soma a maioria da população Rondonopolitana.
Mas é importante ressaltar que não estamos sozinhas nesta luta, contando com o apoio de empresários como o senhor Áureo Candido Costa e o Deputado Estadual Delegado Claudinei Lopes, que sempre acolheu as nossas demandas por meio de cobranças ao Governo do Estado e a Prefeitura de Rondonópolis, como também apresentação de projetos de leis na Assembleia Legislativa em favor das mulheres mato-grossenses.
Estamos esperançosas para o próximo ano, com o fim das restrições do isolamento social, retomaremos com o atendimento presencial das psicólogas e advogadas na nossa casa, continuando com as parcerias atuais e conseguir ações mais efetivas em favor das mulheres de Rondonópolis e Mato Grosso.

SANDRA RAQUEL
Presidente Fundadora da Associação de Mulheres MT e
Embaixadora do Projeto Âmago em Mato Grosso